sexta-feira, 28 de junho de 2013

Teoria Triádica da Inteligência

Os testes de QI não são válidos para medir o tipo de inteligência exigida para o sucesso no mundo real, como por exemplo, para a carreira profissional de uma pessoa.


Preocupado com as questões mais gerais sobre o comportamento inteligente, o renomado pesquisador da Universidade de Yale, Robert Sternberg (1996) desenvolveu a Teoria Triádica da Inteligência. Segundo este pesquisador, os testes de QI não são válidos para medir o tipo de inteligência exigida para o sucesso no mundo real, como por exemplo, para a carreira profissional de uma pessoa.

Para Sternberg, o comportamento inteligente é muito amplo, não sendo passível de ser medido da forma tradicional. Ele argumenta que a pessoa pode ser inteligente de três formas: pelo uso de uma inteligência analítica; ou pelo uso de uma inteligência criativa; ou ainda pelo uso de uma inteligência prática. Vamos considerar cada uma dessas inteligências em relação à criança em seu percurso de desenvolvimento.

A criança que se destaca por sua inteligência analítica é aquela que, em geral, o professor gosta de ter em sala de aula: academicamente brilhante, tira boas notas nos testes, aprende com facilidade e com pouca repetição, tem facilidade em analisar as idéias, pensamentos e teorias. Gosta de livros e muitas vezes aprende a ler sozinha ou com pouca instrução. 

A escola tradicionalmente reforça as habilidades analíticas de seus alunos, ao acentuar a memorização e reprodução dos conhecimentos, muitas vezes em detrimento da aplicação e do ensino de técnicas para o desenvolvimento do pensamento criador. Assim é que a pessoa essencialmente analítica muitas vezes carece de idéias novas e originais e pode ter dificuldade em um ambiente que exija respostas diferentes e incomuns.

Já a criança que se destaca por suas habilidades de pensamento criativo apresenta, em geral, talentos e dificuldades opostos. A pessoa com inteligência criativa nem sempre tem as melhores notas e nem sempre se destaca na escola por suas habilidades acadêmicas. No entanto, demonstra grande imaginação e habilidade em gerar idéias interessantes e criatividade na forma de escrever ou falar e de demonstrar suas aptidões e competências. Essa criança tende a ter independência de pensamento e de idéias, a ver humor em situações que nem sempre os outros percebem como tal e são muitas vezes consideradas o “palhaço da turma”, 

A terceira forma de ser inteligente, conforme Sternberg, leva em consideração a facilidade da criança em se adaptar ao ambiente e desempenhar atividades que são adequadas para o desenvolvimento de uma tarefa. A criança demonstra inteligência prática e senso-comum, sendo capaz de chegar em qualquer ambiente, fazer um levantamento do que é necessário para atingir algum objetivo prático, e executar sua tarefa com precisão.

À medida que ganha experiência de vida, a pessoa prática demonstra esta inteligência com mais intensidade, o que a permite lidar com as pessoas e conseguir que um determinado trabalho seja executado, percebendo o que funciona e o que não funciona. É a inteligência prática ou conhecimento tácito que, no contexto de vida prática, é responsável pela melhor adaptação da pessoa ao ambiente e para o sucesso no mundo real, principalmente no desempenho profissional. 

Tomemos o exemplo de um professor. É desejável que, para o sucesso de sua profissão, o professor tenha bem memorizado os conhecimentos relacionados à disciplina que ensina; é também desejável que aplique técnicas instrucionais com criatividade e imaginação; além disso, a forma com que utiliza o currículo deve ser adaptada ao contexto da sua sala de aula, às necessidades individuais de seus alunos e às demandas sociais da sua população estudantil.

Conclui Sternberg que os tradicionais testes de inteligência poderão ser bons preditores de sucesso do aluno na sua vida acadêmica, mas terão pouco impacto na predição do sucesso na vida prática e no ambiente de trabalho, que exigirão outras formas de inteligência não abarcadas pelos testes. Para serem justos para com a inteligência a ser medida, há necessidade do uso de outros tipos de testes, que não só os de lápis-e-papel, e que sejam mais amplos e flexíveis.

Fonte:
VIRGOLIN, Angela. Altas Habilidades/Superdotação: Encorajando Potenciais. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de educação Especial, 2007.

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