terça-feira, 15 de novembro de 2011

Qual é a origem do símbolo "@"?

Hoje, bilhões de pessoas usam este símbolo diariamente em todo o mundo. Você sabia que a sua história começa bem antes do mundo digital?


Por Reinaldo Pimenta(*)

Na idade média, os livros eram pelos copistas escritos à mão. Precursores da taquigrafia, os copistas simplificavam o trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios, por símbolos, sinais e abreviaturas. Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido. O motivo era de ordem econômica: tinta e papel eram valiosíssimos.

Origem de símbolos diversos
Foi assim que surgiu o til (~), para substituir uma letra (um "m" ou um "n") que nasalizava a vogal anterior. Um til é um enezinho sobre a letra, pode olhar.

O nome espanhol Francisco, que também era grafado "Phrancisco", ficou com a abreviatura "Phco" e "Pco". Daí foi fácil Francisco ganhar em espanhol o apelido Paco.

Os santos, ao serem citados pelos copistas, eram identificados por um feito significativo em suas vidas. Assim, o nome de São José aparecia seguido de "Jesus Christi Pater Putativus", ou seja, pai putativo (suposto) de Jesus Cristo. Mais tarde os copistas passaram a adotar a abreviatura "JHS PP" e depois "PP". A pronúncia dessas letras em sequência explica porque José em espanhol tem o apelido de Pepe.

Já para substituit a palavra latina "et" (e), os copistas criaram um símbolo que é o resultado do entrelaçamento dessas duas letras: &. Esse sinal é popularmente conhecido como "e comercial" e, em inglês, tem o nome de 'ampersand', que vem do 'and' (e em inglês) + 'per se' (do latim por si) +  'and'.

Origem do símbolo @
Com o mesmo recurso do entrelaçamento de suas letras, os copistas criaram o símbolo @ para substituit a preposição latina 'ad', que tinha, entre outros, o sentido de "casa de".

Veio a imprensa, foram-se os copistas, mas os símbolos @ e & continuaram a ser usados nos livros de contabilidade. O @aparecia entre o número de unidades da mercadoria e o preço - por exemplo: o registro contábil "10@£3" significava 10 unidades ao preço de 3 libras cada uma". Nessa época o símbolo "@" já ficou conhecido, em inglês, como 'at' (a ou em).

No século XIX, nos portos da Catalunha (nordeste da Espanha), o comércio e a indústria procuravam limitar práticas comerciais e contábeis dos ingleses. Como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses atribuíam ao símbolo @ (a ou em), acharam que o símbolo seria uma unidade de peso. Para o entendimento contribuíram duas coincidências:

1. A unidade de peso comum para os espanhóis na época era a arroba, cujo "a" inicial lembra a forma do símbolo;

2. Os carregamentos desembarcados vinham frequentemente em fardos de uma arroba.

Dessa forma, os espanhóis interpretavam aquele mesmo registro de "10@£3" assim: "dez arrobas custando 3 libras cada uma". Então o símbolo @ passou a ser usado pelos espanhóis para significar arroba.

Arroba veio do árabe 'ar-ruba', que significa "a quarta parte": arroba (15 kg em números redondos) correspondia a 1/4 de outra medida de origem árabe ('quintar'), o quintal (58,75 kg).

A @ na escrita mecânica e digital
As máquinas de escrever, na sua forma definitiva, começaram a ser comercializadas em 1874, nos Estados Unidos (Mark Twain foi o primeiro autor a apresentar seus originais datilografados). O teclado tinhao símbolo "@", que sobreviveu nos teclados dos computadores.

Em 1972, ao desenvolver o primeiro programa de correio eletrônico (e-mail), Roy Tomlinson aproveitou o sentido "@" ('at'), disponível no teclado, e utilizou-o entre o nome do usuário e o nome do provedor. Assim, "Fulano@Provedor X" ficou significando "Fulano no provedor X".

Em diversos idiomas, o símbolo "@" ficou com o nome de alguma coisa parecida com sua forma em italiano, 'chiocciola' (caracol); em sueco, 'snabel' (tromba de elefante), em holandês, 'apestaart (rabo de macaco). Em outros idiomas, tem o nome de um doce em forma circular: 'shtrudel', em Israel; 'strudel', na Áustria; 'pretzel', em vários países europeus.

Reinaldo Pimenta é advogado e professor.
(*) no livro "A Casa da Mãe Joana", pág. 11, 13ª edição, Editora Campus)

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