sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Meu rico dinheirinho: o velho dilema do troco nos preços quebrados

Estabelecimentos que não devolvem troco correto prejudicam não só o consumidor, mas também si próprios.

Por Rodrigo Bocatti

As moedas de R$ 0,01 e R$ 0,05 são esquecidas nos trocos dos consumidores brasileiros nos estabelecimentos, já que não faz parte de nossa cultura importar-se com quantias tão pequenas.

Nos supermercados, os trocos que recebemos sempre são arredondados ora pra cima, ora pra baixo. Quando é feita uma compra de R$ 2,97, por exemplo, o troco é arredondado para cima, sendo devolvido R$ 0,05 ao invés de R$ 0,03, que seria o correto, fazendo o estabelecimento perder dinheiro.

Porém, o coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina, Reginaldo Gonçalves, discorda: "Com relação ao troco pequeno, principalmente supermercados, a prática é colocar valores que não são arredondados e sim quebrados para que o consumidor se sinta atraído pelo produto e compre. Psicologicamente, alguns consumidores preferem pagar por um produto de R$ 3,99 do que de R$ 4,00 e assim por diante". O professor diz ainda que o prejuízo aparente que a empresa tem, já está computado na estratégia de preços, portanto, quando o cliente recebe um troco maior, esse valor acaba virando desconto comercial.

Acompanhei o senhor Jorge até o hipermercado Extra para fazer o teste e verificar se um dos maiores centros de compras de São Paulo devolve o troco correto ou não. Ele comprou um produto no valor de R$ 8,98, no caixa, Jorge deu uma nota de R$10,00, esperando receber o troco de R$1,02, mas só recebeu R$1,00 (um real). Exercendo o seu direito de consumidor, exigiu seus dois centavos restantes, a caixa explicou dizendo que não tinha a moeda, chamado o gerente que disse o mesmo.

Direito do consumidor
O blog Linha Direta explica: "pelo Código do Consumidor, o fornecedor, quando oferece seus produtos, está obrigado a cumprir a oferta. Assim, quando o preço apresenta valores "quebrados" e o fornecedor alega não ter o troco, resta uma saída: pelo bom senso, ajustar o preço para o menor valor. Ao contrário, estará sujeito às sanções administrativas do Código do Consumidor."

O teste também foi feito no Carrefour, que se saiu melhor, recebemos o troco certinho. Por meio de sua assessoria de imprensa, o hipermercado fez o seguinte comunicado: "O Carrefour esclarece que todos os seus colaboradores são orientados a entregar o troco corretamente aos seus clientes. Na ausência de moedas em caixa do valor correspondente ao troco, o Carrefour adota a prática de arredondar o valor para cima e, assim, garantir o direito do consumidor".

A importância de guardar
Em conversa com consumidores de diversos estabelecimentos, perguntei por que eles não pedem o troco, não exercendo seu direito. 80% deles alegou não pedir o troco por não saber o que fazer com ele, além de acumular moedas e pesar no bolso. O restante diz que guarda para economizar e põe em um cofrinho todo mês para depositar no banco ou pagar contas de pequenos valores. Contudo, todos concordamos que é melhor receber o troco em dinheiro, do que balinhas.

Aos poucos o estabelecimento perde muito
Os supermercados usam uma estratégia de mexer com o psicológico dos consumidores colocando preços quebrados como R$ 4,98, ao invés de preços inteiros no valor de R$ 5,00. Em média, esses estabelecimentos possuem 100 produtos com preços quebrados. Supondo que haja um movimento de 500 pessoas por dia que compram um produto de R$ 4,98, pagam com R$ 5,00 e exigem o troco de R$ 0,02, o mercado perderá R$ 10,00 por dia, somente com esse produto. Em uma semana, o prejuízo será no montante de R$ 70,00. No mês, sobe para R$ 280,00 e no fim do ano será de R$ 3.360,00.

No exemplo acima, estamos supondo que cada pessoa receba apenas R$ 0,02 de troco por dia, entretanto, ela pode receber um valor maior e, quanto maior o valor recebido, maior será a retração do valor. Segundo o professor Reginaldo Gonçalves, "esses valores são pequenos, mas, dependendo do número de pessoas que compram um produto e exigem o troco, esses problemas poderão ser muito maiores, e poderão causar, se o estabelecimento não se programar, uma quebra de caixa, gerando um prejuízo grande".

Curta o Administradores no Facebook e siga os nossos posts no @admnews.
Siga o Prof. Milton Araújo no Twitter: @Milton_A_Araujo