segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Gestão eficaz e prudência são essenciais para o novo ano

É importante perceber que as empresas serão solicitadas a contribuir para garantir a viabilidade das obras que estão sendo tocadas para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada.

Por Pedro Melo, www.administradores.com.br

Ao entrarmos no último trimestre, ainda é cedo para fazer um balanço de 2011, especialmente porque devemos viver algumas emoções fortes até o final de dezembro. Porém, é necessário pensar nas perspectivas para o ano novo, especialmente revendo com mais precisão as expectativas que havíamos delineado anteriormente.

Em 2012, teremos eleições para prefeitos e vereadores em todo o País. O exercício bienal do voto livre e soberano já está incorporado aos costumes do brasileiro, prova de que a consolidação de nossa democracia é um fato. O pleito municipal, de modo peculiar, mexe muito com a população. Afinal, é nos municípios que as pessoas vivem, trabalham e constroem suas trajetórias. Ademais, os candidatos e autoridades eleitas em cada cidade, principalmente nas pequenas e médias, são elementos reais do cotidiano dos cidadãos, e não personagens da grande mídia, absolutamente inacessíveis.

No ano que vem, haverá também a Olimpíada, em Londres, que se rivaliza com a Copa de Futebol da Fifa na condição de maior evento esportivo mundial. Mais do que nunca, além de torcermos pelos resultados de nossos atletas, devemos todos, em especial os gestores, prestar atenção à organização e realização da competição. O Rio de Janeiro será a próxima sede dos Jogos Olímpicos, em 2016. É hora de aprendermos com os britânicos tudo o que eles farão de melhor, de mais eficiente, para aplicarmos no evento brasileiro. Entretanto, precisamos, do mesmo modo, enxergar os erros, por menor que sejam, para tentar não repeti-los por aqui.

É importante perceber que as empresas serão solicitadas a contribuir para garantir a viabilidade das obras que estão sendo tocadas para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada, não só como prestadoras de serviços, mas, em alguns casos, como parceiras formais dos governos, com a formação das chamadas PPPs (parcerias público-privadas). Também é preciso que as organizações estejam atentas, já que em 2012 as oportunidades geradas pelos grandes eventos esportivos começam a afunilar e a se tornar restritas. Aproveitá-las dará um forte impulso a muitos empreendedores, certamente.

As organizações que atuam no setor de petróleo e gás, ou que fornecem produtos ou serviços a esta cadeia produtiva, terão de reforçar seus preparativos para o desafio de atender à demanda que virá em poucos anos, com a exploração da província do pré-sal. Segundo o marco regulatório sugerido pelo governo, empresas nacionais serão beneficiadas, inclusive com incentivos, nas concorrências do segmento. Preparar-se formalmente desde já, investindo em desenvolvimento de tecnologias mais eficientes, inovação, gestão apurada e capacitação de profissionais, será essencial para as empresas que esperam ser escolhidas a contribuir para a exploração dessa importante riqueza natural.

As instituições financeiras, por sua vez, têm o exercício de 2012 para se preparar ao atendimento das novas regras instituídas pelo acordo Basileia III, que exigirão maior capitalização como garantia para operação dos grandes bancos a partir de janeiro de 2013.

Contudo, o maior desafio que se desenha para o próximo ano está relacionado aos efeitos da atual crise gerada pelas dívidas soberanas de países da Comunidade Europeia e desaceleração da economia norte-americana. Os governos das Nações mais atingidas pelo problema demonstram estar atentos e têm instituído soluções que tendem a equalizar a questão, como é o caso do pacote de socorro aprovado pela União Europeia para a Grécia, ou o compromisso em prol do crescimento e da geração de empregos firmado pelos líderes dos países que compõem o G20, em reunião realizada em Cannes, na França.

Sabemos também que o Brasil está bem preparado para enfrentar as turbulências, especialmente em razão de nosso robusto mercado interno. Todavia, percebemos que nossa economia já sofre efeitos das restrições que vêm de fora. Também há o problema da inflação, conduzido com atenção pelo governo e pelo Banco Central. Assim, é preciso rever as perspectivas, pelo menos para 2012.

Infelizmente, o crescimento da economia nacional deve ficar pouco aquém do que era anteriormente esperado. Assim, os gestores empresariais precisam adequar suas expectativas para reduzir ao mínimo os efeitos negativos do recuo previsto. Investir continua sendo, em qualquer ocasião, o melhor dos cenários para o fortalecimento das corporações, e crescer é um importante fator na busca do melhor retorno. No entanto, se for inevitável recuar, é preciso avaliar muito bem as alternativas e opções a serem escolhidas. Desinvestir em setores-chave dos negócios é sempre algo contraproducente e negativo para a sua sustentabilidade.

Muitas vezes, as empresas desconhecem alternativas que podem contribuir para a sua perenidade. Por exemplo, adotar estratégias bem construídas de gestão de dívidas pode render economia de recursos. Também é possível, com esforços bem coordenados, reduzir custos, ampliar a produtividade e otimizar a gestão. O essencial é que os gestores estejam muitos atentos aos movimentos do mercado, preparando-se para agir sempre com muita celeridade e evitar problemas diante de eventuais complicações. Planejamento, organização, conhecimento das alternativas de procedimentos adotáveis, coordenação determinada de esforços e comunicação eficiente são fatores essenciais quando surge uma crise no horizonte.

As perspectivas para 2012 não são as piores, até porque vemos a ação decidida de países, principalmente na Comunidade Europeia, em criar condições para garantir que os atuais problemas não evoluam. O governo brasileiro mantém-se atento e não está disposto a perder uma nova oportunidade de equalizar a questão dos juros básicos de nossa economia. Esperando que o melhor prevaleça, estejamos todos prontos para o que vier no ano novo.

Pedro Melo – é presidente da KPMG no Brasil.

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