terça-feira, 18 de outubro de 2011

Série Jovens Empreendedores: Jonny Ken, fundador do Migre.me

"Escrever um blog era uma maneira de continuar ensinando".

Brasil20.org

Sempre me chamam para falar sobre empreendedorismo. Mas as pessoas acabam se assustando quando eu digo que nunca pensei em ser empreendedor. Meus pais tinham uma loja e trabalhavam 12 horas por dia e mesmo tendo 5 anos percebia que faziam isso para que os filhos não tivessem que passar pelo mesmo. Por causa disso sempre pensei em trabalhar em algum lugar e ir crescendo aos poucos.

Escolhi estudar biologia porque queria ser professor. Só que quando entrei na faculdade (1995) ganhei meu primeiro computador. Meses depois já estava trabalhando como técnico de informática e em 2000 aprendi a programar! Por causa da biologia entrei em uma empresa que trabalhava com chips RFID para animais, mas a informática falou mais alto acabei indo trabalhar na parte de redes. Fiquei lá por uns 6 anos.

No final de 2007, resolvi comprar um smartphone e numa busca pelo Google acabei caindo no site da Garota sem fio. Sempre imaginei os blogs como um "diário virtual pessoal", mas quando vi que ela usava a ferramenta "blog" para escrever sobre tecnologia, pensei que eu poderia fazer o mesmo. Escrever um blog era uma maneira de continuar ensinando, já que havia parado de dar aulas de informática e ciências. Comecei a escrever o Infopod em 2008 e por causa dele acabei conhecendo os principais blogueiros brasileiros das mais diversas áreas.

Essa é minha historia pré-empreendedora. Por causa dos blogs, resolvi também começar a programar ferramentas voltadas para as mídias sociais. Em 2009, durante a segunda edição da Campus Party, a moda era uma brincadeira chamada Rick Roll – inventar uma notícia totalmente fantasiosa e publicar ela no twitter, linkando um clipe no You Tube. Como a quantidade de mensagens falsas era gigantesca, resolvi organizar um campeonato e, para isso, precisava de uma ferramenta que contabilizasse os cliques dos usuários. Como não encontrei nenhuma gratuita, resolvi criar a minha. Em 30 minutos o concurso entrou no ar e foi um sucesso. Na semana seguinte encontrei com o um amigo meu, o Alexandre Fugita. Ele era um dos jurados do Campus Lab – evento dentro da Campus Party voltado para novas startups – e perguntei quais os projetos mais interessantes. Todos os projetos comentados por ele eram relativamente simples. Achei interessante e pensei que seguindo esses moldes, eu também seria capaz de criar uma startup. Apostei brincando com o Fugita que criaria uma nova startup em 24 horas, refazendo o contabilizador de cliques utilizado no campeonato de Rick Roll, só que para usar de maneira comercial.

Mas tudo mudou durante a programação. Imaginei que a grande maioria das pessoas que utilizariam minha ferramenta seriam os usuários do twitter. Se eles tuitassem seus links interessantes usando a minha ferramenta, eu teria como contabilizar o número de cliques e usar isso como filtro, afinal se um link for bastante clicado, é sinal que ele é interessante. Depois pensei um pouco mais além – se um link fosse bastante retuitado (repassado para frente), é sinal que ele provavelmente fosse mais interessante ainda. Com os dados de cliques e retuites, eu poderia criar uma página com o ranking do dia, mostrando os links mais interessantes! Depois de diversas tentativas de encontrar um domínio de internet livre, acabei batizando a ferramenta de Migre.me.

No dia do lançamento da versão de testes pedi para diversos amigos blogueiros tuitarem seus links interessantes usando o Migre.me. O site explodiu no mesmo dia e acabou ganhando bastante repercussão na internet. Aos poucos foi ganhando mais e mais adeptos até o dia que o Marcelo Tas usou a ferramenta pela primeira vez. Foi ai que vi que o Migre.me tinha potencial. Lancei o site no dia 2 de fevereiro de 2009 e em menos de 3 meses já havia saído no Zero Horas, Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Revista Info e até na MTV. Tudo foi tão rápido que em um ano eu criei a ferramenta, fui chamado para uma sociedade, abrimos uma empresa, conseguimos investidor e no final sai da empresa e comecei a tocar o migre.me sozinho. Acredito que esta parte tem sido a fase mais difícil já que tenho que trabalhar em áreas que não são meu forte, como marketing, vendas, etc.

Mas a grande vantagem é que estou aprendendo todos os lados de uma empresa! E, o mais importante: Valorizando cada centavo que entra no caixa da empresa! Acredito que somente assim os donos das empresas acabam valorizando ainda mais o trabalho.

Idade: 34
Projetos: Migre.me | Kindim | Infopod
A série Jovens Empreendedores é uma parceria do Administradores.com.br com o projetoBrasil20.org, apoiado pela FIAP, que reune histórias de vários empreendedores do país com o objetivo de inspirar novas iniciativas apresentando exemplos inovadores. Para ver outras histórias, acesse o Brasil20.org.
Siga os posts do Administradores no Twitter: @admnews.
Siga o Prof. Milton Araújo no Twitter: @Milton_A_Araujo