segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Para obter o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional a palavra de ordem é disciplina

Por Paulo Kretly, www.administradores.com.br

No mundo corporativo a pressão para se fazer cada vez mais em menos tempo consome os profissionais constantemente. Eles ficam atordoados com o acúmulo de trabalho e se frustram quando não alcançam os resultados esperados. A consequência dessa árdua jornada não é nada animadora.

No lugar de ascensão na carreira e melhor qualidade de vida, esse profissional está fadado a perder a saúde, a ter problemas familiares, e até mesmo a falta de eficácia.

Não é fácil driblar essa situação. Todos almejam o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, mas não param sequer um estante para planejar e organizar suas prioridades sejam elas profissionais ou pessoais. Uma frase de Benjamin Franklin nos traz uma ponderação muito interessante – "Falhar ao se preparar é preparar-se para falhar".

Quem no seu ambiente de trabalho já não teve a sensação de viver apagando incêndios? E isso acontece por uma falha pessoal e de liderança, pois deixaram de priorizar o que é mais importante para a organização. Pesquisas confirmam que ao dedicar 10 minutos diários no estabelecimento de prioridades é possível economizar mais do que uma hora, por dia.

Durante palestras e treinamentos que realizo costumo perguntar aos participantes o que fariam se tivessem uma hora a mais no dia, e a maioria das respostas está ligada a realizações pessoais como: convívio com a família e momentos de lazer. Ninguém diz que ficaria uma hora a mais na empresa. O motivo desses desejos é que as pessoas anseiam por atividades que lhe proporcionem prazer, e tudo isso é possível se houver um bom planejamento.

Infelizmente palavras como prioridade, planejamento e organização ainda são vistas de forma genérica e não são absorvidas de maneira executável no dia a dia das pessoas. Assim, quando alguém, seja de seu convívio profissional ou pessoal diz que "você precisa escolher suas prioridades", ou "planejar melhor", ou ainda "organizar-se mais", muitas vezes ficamos com a sensação de que há algo importante a ser feito, embora não saibamos exatamente o que, nem como. Nesses momentos, com frequência cedemos à tentação de transferir a responsabilidade.

Há uma frase que de que gosto muito, "se você não conduzir a sua vida, alguém o fará por você". Seja o seu cônjuge, o seu chefe ou o seu subordinado, enfim o segredo é aprender a conduzir a sua vida. E como se faz isso? Começando através de uma lista de prioridades. Segundo uma pesquisa da FranklinCovey apenas 17% dos trabalhadores começam o dia tendo uma lista de prioridades.

Dedicar alguns minutos do dia para estabelecer as principais atribuições em seus diferentes papéis, tem de ser um hábito diário. Quando me refiro a papéis não são apenas ao de gerente, diretor ou de um colaborador de uma organização. Também me refiro ao de pai, mãe, cônjuge, irmão e filho. Temos vários papéis em nossa vida e o equilíbrio entre eles é que vai fazer com que se alcance a satisfação pessoal e profissional. Para que possa produzir melhor como profissional, é preciso aprender a equilibrar todos os papéis, e quem aprende a fazer isso rende muito mais.

A competitividade no mercado de trabalho e nos negócios tende a afastar as pessoas de outros papéis importantes, pois são consumidas por essas pressões externas. Por isso enfatizo a importância de conduzir a própria vida, caso contrário, seremos conduzidos de um lado para o outro.

Renato Russo em sua música Há tempos, já dizia que "disciplina é liberdade". Reitero esse conceito, pois com disciplina será possível ter liberdade para fazer as coisas que mais importam.

Ficar mais tempo com a família, por exemplo, faz parte de um papel importante na vida. É preciso acordar para essa necessidade o quanto antes, já que temos um alto índice de famílias onde o marido e a esposa trabalham e ficam a maior parte do tempo fora de casa, longe desse convívio familiar.

Um estudo da FranklinCovey analisou que no período de dez anos aumentou em 10 horas o tempo que o casal fica fora de casa. Esses dados significam que os dois ficam menos tempo juntos e menos tempo com os filhos.

Podemos pensar em muitas justificativas para essa ausência como a necessidade de se envolver por inteiro em um projeto ou dedicar mais horas no escritório para conquistar uma boa posição na empresa. Mas nem sempre mais tempo no escritório significa maior produtividade.

Na verdade as pessoas que ficam mais tempo no trabalho acabam sendo menos produtivas do que seriam naquelas oito horas de trabalho. A conclusão é simples: se você precisou ficar além do expediente, significa que não foi produtivo nas horas que deveria permanecer na empresa.

A partir do momento que você começa a planejar melhor e focar o tempo, acaba por produzir mais para a organização e tem a liberdade de sair no horário estabelecido. Apenas 45% dos funcionários estão focados no core business da organização, ou seja, nas prioridades de sua empresa.

Alguns fatores são responsáveis por essa dispersão durante o horário de trabalho. Quem nunca foi interrompido para um bate-papo durante a execução de uma tarefa? Ou procurou por horas um contato de um cliente ou fornecedor que não lembra onde anotou?

São desperdiçadores de tempo que fazem uma grande diferença ao final do dia. A ampla oferta de meios de comunicação é algo que muito se discute. Até que ponto essa oferta é uma ferramenta de trabalho ou uma inimiga? Se no seu trabalho o acesso a redes sociais ou outros recursos é liberado, é preciso saber escolher qual se adapta melhor às suas necessidades e da empresa.

Os e-mails e programas de mensagens instantâneas são muito utilizados. Faça uso de filtros, como programar horários para a leitura de mensagens ou usar o status de ocupado quando estiver envolvido em um projeto importante, para assim evitar interrupções.

Além de consultor também sou executivo de uma empresa e sei que planejamentos perfeitos não existem, pois estamos sujeitos a imprevistos, fatos inesperados, contratempos, e não há planejamento no mundo que consiga prever todas essas variáveis. Então, por que nos organizamos? Porque é a melhor forma de lidarmos com essas variáveis. Haverá mais condições de lidar com o que não consegue controlar se já tiver seu planejamento sob controle.

Paulo Kretly - é presidente da FranklinCovey Brasil (www.franklincovey.com.br), e autor dos livros Figura de Transição e Deixe um Legado. Reconhecido palestrante em liderança, gestão e produtividade pessoal e interpessoal e especialista em gerenciamento do tempo, vem cativando milhares de pessoas e organizações que o procuram com o desejo de manter suas vidas pessoal e profissional equilibradas.

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