quinta-feira, 10 de março de 2011

Madrugada poética

MUSA

Corpo roliço,
Cheio de malícia e feitiço.
Fêmea efêmera,
Rútila estrela, que alto fulgura.
Teu olhar irradia luz e simpatia,
Teu sorriso meigo cativa,
Teu jeito de menina encanta.
Outrora já te amava
E não te conhecia.

De súbito, sumiste.
Alhures te procuro...
Só te encontro em minha solidão.
Viver sem razão é ilusão.
O vento sussurra o teu nome
E traz o teu inebriante perfume.
O mar canta a tua beleza,
Mas a imensidão aumenta a tristeza.

Eternizo-te em versos,
O consolo dos poetas...
Eras forma ou sonho?
Se (pretenso deus) te criei,
Em loucos pensamentos,
Por que não te esqueço?
Será castigo Divino
Este viver sem vida?

Foram-se os sinais da tua presença.
Navego solitário, sem porto, sem Norte,
Cruel destino de alma sem sorte.
Resta ainda um sopro de esperança,
De uma vez mais reencontrar-te,
Mesmo que seja apenas
Para ouvir-te dizer
Adeus...

Milton Araújo.


STILL

This breeze brings some peace,
And inspires me to write this poem.
I wander thru deserted streets,
Like a drunk firefly
Diving into the night.
My heart is burning.
I see without being seen,
I speak and nobody listens...
You follow your destiny, away from me.
I save dreams along with lost illusions,
While my heart still insists on hope...

Milton Araújo.

EPITÁFIO I

Peço perdão a todos
Por aquilo que deixei de fazer.

Milton Araújo.

EPITÁFIO II

Aprés moi, le deluge...

Milton Araújo.

CINZAS

Cidade esquecida.
Adormecida em sombras,
Enquanto o vento
Debocha do teu silêncio,
Invade tuas entranhas,
Desnuda teus segredos.
Faz-te fria.
O calor da tua vida fugiu
Sem encarar suas verdades.
Escondeu-se aos cantos,
Temendo suas cinzas.

Milton Araújo.

SHAKESPEAREANDO I

Amar ou não amar,
Eis a maldição...

Milton Araújo.

SHAKESPEAREANDO II

Esquecer ou não esquecer,
Eis a solidão...

Milton Araújo.

PRETENSÃO

Empresta-me a tua beleza,
Quero te fazer poema.

Empresta-me o teu sorriso,
Quero um dia sem tristeza.

Empresta-me a tua voz,
Quero conversar com os anjos.

Empresta-me os teus olhos,
Quero contemplar a Deus.

Empresta-me o teu coração,
Quero fazê-lo amar o meu.

Milton Araújo.

SAUDADE

Mal sem remédio.
Tortura,
Atormenta.
Tenho saudade
Daquilo que nunca tive.
Daquilo que terminou
Sem ter começado...
Sonho dourado
Encantado
Impossível.
Olhos brilhantes
Qual estrelas coloridas.
Rara flor,
De indescritível beleza.
Surgiu no meio de um deserto,
Mas não se deixou ficar,
Deixou apenas
A marca da saudade.
Ocupa o meu pensamento,
Faz parte dos meus sonhos,
Mas não da minha vida...
O tempo
Pode esmaecer esta imagem
Na minha memória.
Mas ela permanecerá,
Para sempre nítida,
Em meu coração...
Milton Araújo.

DEVANEIO  I

Quando vens, te vejo.
Ou será o intenso desejo,
(O forte pensamento)
Que te traz à minha memória
E repete a nossa história?
Milton Araújo.

UMA QUESTÃO DE TEMPO

Pára o tempo
Qu’eu quero ganhar tempo.
Adiar o sofrimento.
Voltar no tempo,
Fazer tudo de novo.
Um novo tempo.
Tempo novo.
Marcas do teu tempo
Que o tempo não consegue levar.
Quem fez este tempo louco?
Passa tempo...
Tanto penso em ti,
No tempo de te pensar,
Que quase não sobra mais tempo,
Nem um pouco...
Nem pra viver
Quanto mais de novo amar.
Milton Araújo.

PLATÔNICO

Triste sina
Amor silencioso
Presença de sombra
Ausência de senso
Olhar sutil
Carinho abstrato
Fantasia inútil
Vida perdida.

Milton Araújo.


MÁSCARA

O poeta é o palhaço da pena
Que, fingindo, entra em cena.
Sente e finge o que não diz.
Finge dizer o que sente.
Inconstante estrela cadente
A fingir eternidade,
Quando a vida é só passagem.
Transforma sonho em imagem,
Ilusão é solução.
O semântico fica romântico.
Tem sempre a incerteza por perto,
Conta o acaso como certo.
Traz no peito um grito surdo,
Vazio, cheio de tudo.
Sente o que não existe,
Desiste do que sente.
Ainda uma vez outra,
Para fugir do seu destino,
Finge que voa alto.

Desce o pano,
Fim do primeiro ato.

 Milton Araújo.


TORMENTO

No começo, encanto.
Depois, surpresa, espanto.
Agora, retrato jogado num canto.
O sorriso virou pranto
A alegria virou lamento.
Procuro na vida o alento
De te ver de novo, por um momento,
Pois ainda te amo tanto...

Milton Araújo.

INÚTIL

Procurei outra com o teu rosto,
Teu jeito,
Teu sorriso,
Tua meiguice.
Só para ter o desgosto
De saber-te única no mundo.

Milton Araújo.


SOMBRIO

Num lugar ermo
Um coração enfermo
Espalha ali mesmo
Sentimentos a esmo

Milton Araújo.

MATEMATICAMENTE ERRADO

Equacionei um sentimento:
Somando amor com ternura,
Subtraindo sofrimento,
Multiplicando emoções,
Dividindo momentos.
Mas uma vida intrometida,
Fez tudo virar saudade.

Milton Araújo.

WHEN THE WINTER COMES

When the winter comes...
The wind announces the cold
The hopes reborn in our hearts
And show us the Empire of Love.
Teach us how to love
The good side of our own lives.
It’s the enchanted stone
Which makes our heads spin.
When the winter comes...
The Love knocks at our doors,
Lights all stars in our hearts.
We walk on the streets
Looking for the remote happiness,
Like it was our last star.
When the winter comes...
The afternoon ends
Biding us farewell by the skyline.
We leave the boredom
And gain the time,
The eternal illusion of eternity...
When the winter comes...
We go out wearing the sweet sensation
That a wine, a smile or a sunset
Will make our lives
Dive into the light land of happiness,
And the one who we love
Will appear from the mist,
So as to save us
And lead us to the endless night of passion.
When the winter comes...
The tenderness is decreed,
The Realm gives the food
To recover our souls
And prevent us from troubles
When the winter comes...
We just love.
Even the most sad and desolated heart
Will reborn to the verb ‘to love’,
And it will love in the morning,
Far from shadows
Beyond the Love’s limits itself...

Milton Araújo.

Assista ao vídeo com o poema Metade - Oswaldo Montenegro

שָׁלוֹם עֲלֵיכֶם (Shalom aleikhem) - Que a Paz esteja contigo!
 السلام عليكم (Salaam Aleikum) - Que a Paz esteja contigo!

Crédito da Imagem: http://t3.gstatic.com

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